1 de out. de 2009

Não Sou.

Sou medo dos pés à cabeça. Como poderia eu ser outra coisa agora? Sem ti sou toda angústia. Minha pele guarda o toque dos seus dedos. Diante dos meus olhos ainda vejo os seus. Olhos grandes, que brilham, que não são nem negros nem azuis. Olhos coloridos, que vão do doce ao amargo em um piscar.
O cheiro de frutas do seu cabelo agora passeia solitário pela casa. Minha única companhia é a dor. Sinto falta do seu chá, sempre muito fraco e muito doce. Me falta seu nariz se contorcendo ao beber.
Apavoro-me tentando fugir das lembranças. Não consigo. Desespero-me. Sou só lembranças, memórias e passado. Só dor, sofrimento e desvairo. Sou o que resta do que um dia realmente fui. Sou toda você.

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