29 de mar. de 2010

Vergonha

Nossas mãos tão presas, e quanto a nós? Afogando-nos em nossas mentiras, mas nem por isso buscando a superficie. Presos à insesatez de nossos desejos mais egoistas, mais escondidos. Fecho os olhos e sinto seu gosto amargo, finjo ser doce, finjo ser flor.
Enquanto você constroe nosso castelo de areia debaixo dessa tempestade de ventos, eu tento estruturar nossas desculpas junto às criaturas absais de nossos sonhos. Vai doer, mas não vai acabar.
Queria te perguntar sobre o medo. Será que é certo temer o que não tem voz? Por que o silêncio assusta tanto? Te vejo mordendo os lábios, apertando os olhos e segurando o grito. Dá pena de nossas cores. Já assim, de tão poucos amores...
Vou deixando que a maré embale meu sono. Quanto a ti, já não sei nada, além de que não dormes mais.

24 de mar. de 2010

Quase verdes, quase amor

De nada adiantaria fechar os olhos. Quantos segundos seriam perdidos para sempre? Não, ela não ousaria deixar de viver essa infinidade de milésimos. Olhava fixamente para aqueles olhos quase verdes que pareciam ocilar no que diziam. Em silêncio, nem diziam.
O cheiro de terra molhada, que entrará pela janela, aos poucos ia se misturando, e também tornando parte, do cheiro de suas peles. O barulho da chuva era a única canção daquela noite. Um pouco triste, talvez.
Os olhos ainda brilhavam. Inquietos. Com uma questionavel sinfonia de cores.
Quem sabe se isso é amor? E se for só aquela coisa que faz o coração da gente bater mais rápido? Ou então, poderia ser apenas o medo de perder aqueles olhos.
Não se negava o direito da dúvida. Enquanto não soubesse não fecharia os olhos, não adormereceria... Não perderia.