13 de abr. de 2011

Auto-Retrato de uma Quarta-Feira



Com a cabeça meio deitada na janela, ela vê metade cinza, metade neon. Um, dois, cinco, doze... são muitos os prédios naquela avenida. Respira e nota que nada mudou, a janela da frente continua quebrada, algum alarme continua tocando. Mais um copo foi quebrado no bar da esquina e uma cirene de policia ou de bandido passa por ela.
Já perdeu a conta de quantos bêbados cantaram canções de amor enquanto procura em vão uma estrela no céu. Só aviões, indo pra qualquer outro lugar, fugindo dela. A fumaça dos seus cigarros irrita seus olhos, respira e tosse. Enrola o cabelo. Nunca deixará de roer as unhas.
Faz um pouco de frio, o vento vem dizer que ela não arrumou o cabelo da forma como deveria. O vizinho da frente parece nunca se cansar de pornografia, mas o que ela pode fazer? Ela mesma nunca se cansa de sonhar.

11 de abr. de 2011

Meu Presente



Meio que pela metade ela faz que se mostra, se faz sorrir. Mas é tudo só a metade. Ela sempre foi assim, de um lado o branco, do outro o preto, agridoce ao falar. É dessas meninas que sabem amar e quando de olhos fechados também sabem viver. É o que ela faz pra ser feliz, sabe das coisas, sabe fazer sorrir. Mas isso é tudo só a metade.
Se ela soubesse que quando tem os olhos borrados já não sabe mais ser metade... Assim, de cigarro na mão, rosto meio baixo, meio longe. Ela é duas, e se faz amar.
E que amor é esse que ela busca em cada passo? Que encontra em poucos olhares, que a sufoca de coisas sem nome. Ai, mas ela sabe o que é amar. Faz tremer ao tocar, inebria ao olhar.
A frieza de suas mãos não sairão tão cedo da minha pele. E assim a tenho em memória, alegrando-me toda vez que escuto um "Bom Dia" inocente pela rua.