11 de nov. de 2009

Canteiro Amarelo por Marcelo Novaes

Bom, recebi um comentário belissimo, e acho que é minha obrigação posta-lo:

"Só os galos para bicarem tuas canelas nesses canteiros amarelos. Sim, tu és a musa dos amores simbióticos. Se partem, é um sufoco. Ou falta-lhe o ar. Se ficam, você se perde em outros olhos. Oh sim, como é bonito. Essa coisa de confundir os lábios e se ver falando em eco, como ventríloquo. Perdoe-me o erro: como boneco. Essa coisa da lua ensolarar teu deserto. Do contrário, a mais abjeta solidão e insulamento. És só na península. [Quando ela está por perto, és sol]. E o mundo é ínfimo sem a pele dele ou dela. Claro. Gênero de primeira necessidade. Você se perde [e tu te perdes] na solidão dessa nave. E tuas mãos tremem. É triste como a lua se perdendo de ser sol minguando, é como desfalecer pouco a pouco. Claro. [E nebuloso]. Felizmente, enchi de galos esses canteiros amarelos pra você para de ouvir com os olhos. E pensar com os joelhos"

Marcelo Novaes:
http://www.blogger.com/profile/11209737711648527795

4 de nov. de 2009

Canteiro Amarelo

O simples toque daquelas mãos já a estremeciam. Como se para fazer o coração desacelerar, tira com violência sua mão debaixo da outra. Inútil, seu coração parece querer dançar. Sente a face corando sob o olhar perplexo de quem à ama, sem entender tal reserva.
“Eu tenho medo”. Pensou em voz alta, deixando escapar a confissão. “Tenho medo de ter, de possuir uma pessoa só minha”. Em resposta ao desabafo, recebeu, no meio de sua fraqueza, uma flor. Colhida ali, naquela mesma hora, a pequena flor tão indefesa.
Enquanto o jardim perdia a mais amarela de suas filhas, a menina ganhava coragem, como se ter uma planta a poupasse do peso de possuir uma pessoa.
Então, pegou a mão que antes tinha abandonado, sorriu por dentro, ela tinha alguém.