6 de set. de 2010

Hoje Eu Sei



Quando eu soube? Logo na primeira manhã. Nas primeiras horas do dia, junto com os primeiros raios de sol, teus primeiros suspiros, minhas primeiras certezas. Aí eu soube o que era aquilo. Sem promessas, sem troca de telefones, sem cinema no domingo. Tinha apenas tua pele completamente branca, teu corpo miúdo, e o resto de nossas vidas.
Se tu não foste como gatos, nunca te saberia. Existe algo de felino em tua natureza, em teu silêncio, tua preguiça. E quando a manhã chega em nossa janela, pintando tua pele de amarelo, tu te faz de desentendida, te esconde em meus ombros, me faz atravessar teus sonhos. Ah! Mas que belos sonhos tens! E foi dentro de ti que construi meu jardim, que fiz minha morada, que te fiz namorada.
Tudo assim, na primeira manhã. Te ví sorrindo, coçando um dos olhos e com o cabelo cheio de nós me estendeu uma mão esguia e fria. Nunca houve em minha vida, terremoto mais devastador como quando te desenhei nua sob meus olhos. Com o domingo crescendo, o lençol entre as pernas, e eu entendendo que esquecia a madrugada escura.
Carrego a certeza que não dormirei se não te tiver ao meu lado, e que quando a manhã chegar, não hei de querer partir. Que essa manhã não termine hoje, mesmo agora, depois tantas outras, te aprendo todos os dias.

Um comentário:

  1. Gosto desses textos que carregam uma carga sexual sem soarem promíscuos. E também gostei do modo como trabalhou as palavras e o romantismo sem deixá-lo maçante, neste, em especial.

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