23 de abr. de 2012

Se não fosse pelo vento

E aí que me peguei te amando mais uma vez. Assim, sem mais nem por quê, no meu caminho de volta, enquanto via as folhas no caminho se misturarem com tantos rostos desconhecidos. E dessa vez nem ousei te procurar em nenhum deles. Também não senti seu cheiro e tão pouco ouvi sua voz. Mas te amei. Te amei por essa coisa assimétrica da sua barba que um dia cheguei acreditar que tinha sido desenhada a mão livre. E seus olhos que não tem cor e nem medo de nada. Quando te amei pela primeira vez, eu soube que era por medo desses olhos que se empunhavam como espadas diante de mim. E te amei também naqueles pequenos pontinhos rosados da sua pele, que durante a noite formam uma constelação inteira em um céu tão branco, como eu nunca tinha visto antes. E continuei meu caminho assim, te amando em segredo pra que ninguém roubasse isso de mim, escondi de todos aqueles outros rostos a minha alegria, e guardei tua imagem no meio desse fim de tarde, meio que correndo, mas só porque ventava muito no meu caminho.

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