16 de abr. de 2012

Água morna



Era praticamente água morna com açúcar, mas eu chamei de chá. Também troquei a marca dos meus cigarros, uns sem nicotina; e por um instante quis não pensar em ti.
Só por um instante. Mas o céu era o reflexo dos teus olhos, alguma coisa de castanho com esse verde escuro que nas noite de primavera são como um oceano em meio à tormenta.
São tantas vozes que não consigo distinguir, mas teus olhos estavam lá, soube disso quando procurei em vão qualquer estrela, qualquer sinal de uma manhã ensolarada ou de um domingo com cheiro de frutas vermelhas.
De tanto que quis não pensar, acabei por não te esquecer. Doeu um pouquinho, mas juro que foi só um pouquinho. A brisa gelada procurando minha pele e a fumaça do cigarro colorindo a sacada me tiraram daqui, e nesse instante, nesse mesmo instante que quis não pensar mais ti, eu já era tua.
Era só água morna com açúcar, mas eu chamei de chá, ou de amor, no fim é a mesma coisa.

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