1 de jun. de 2010

No ontem de hoje

Ela só amava na saída. Vivia do medo de não ter amanhã.
Assim se privava da exposição de sua alma. Imaginava não perder as mãos que a enlaçavam. E então se dava conta de que quem imagina nada sabe. E isso ela já sabia.
Conhecia cada segundo da existência dele, porém não gostava de pensar nisso, talvez não gostasse de pensar nele. Quem sabe se não gostava dele mesmo? Já não ligava mais, tinha pouco tempo para pensar em besteiras.
E do amanhã ia se esquecendo. Aos poucos, como quem já não lembra mais da infância. Toda invertida, lembrou que esquecia e começou a viver.

Um comentário: