13 de jun. de 2010

Moço das Asas

Nunca houve antes uma noite tão fria. Pelo menos não naquele quarto. Quando ele cruzou a porta, ela já sabia que não poderia respirar até o amanhencer. Abriu a janela, e deixou que as estrelas gélidas entrassem para cômodo. Nenhum dos dois se olhavam nos olhos.
Diante da mudez dela, ele acende um cigarro. Ela se perde nas fotos coladas na parede. Ali no meio de tantas imagens os dois pareciam felizes. Tenta falar, mas se cala ao ver daquela face assustada. Com o olhar cinza, ele parecia um ser celestial, sempre tão bonito, mesmo com o ar cansado que exalava.
Insistiram em falar o que todos já sabiam. O que mudaria tudo aquilo? As semanas os perseguiam com dúvidas. Só tinham certeza de que queriam estar ali.
Se abraçaram, sem nenhuma lágrima. E aos poucos, o sol nasceu naquela noite.

Um comentário: