25 de fev. de 2010

Medo de Dormir

Xícaras e mais xícaras de café, sujas e espalhadas pela casa. Algumas ainda pela metade, mas com o amargo remédio já frio. Remédio. Era assim, para curar o fim do dia. Aceitar o ínicio da noite era como aceitar o fim das coisas. Então se negava, não se entregava. Era medo. Só medo. Medo do amanhã que não é hoje, e do hoje que não pode simplesmente ir embora, sem nem dizer "até logo".
Ai, como era torturante vê-la assim. Olhos fundos, ossos fracos. Pensando e só. Já nem sabia no que pensar. Inventava fantasmas embaixo da cama. Inventava amores ao lado da cama, afogada na interminavel madrugada. Para ela ainda era dia.
Temia a escuridão, e com razão. Era cega de emoções, já não podia mais enxergar no escuro. Sentia e pensava. E assim não vivia. Quem pensa muito não tem tempo para viver.
Mais um ou dois cafés e ela esqueceria.

4 comentários:

  1. Olá Isabela, você transformou o medo em poema menina! Parabéns! Sua escrita tem estilo, sentimento na ponta dos dedos! Adorei e voltarei para acompanhar seu trabalho. Abraço forte.

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  2. Curti super seu estilo de escrever, cara. Que vontade de tomar café e esquecer de tudo!

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