28 de nov. de 2010

Paralisia Visual



Gritei o mais alto que pude. Berrei e esperniei por cada poro de minha pele. Tudo isso em um segundo, sem que tu notaste. Nem sequer soubeste da minha presença. Eu estava lá, invadindo teus sonhos, forjando teus livros, sumindo com o açúcar do teu café. Tão ligeira, que tu apenas deixaste cair um copo quando bati o portão do lado de fora.
Eu já era invisivel aos teus olhos antes, mas tu sempre foste meio dado as cegueiras da alma. Outro dia soube de um moço morto por ser cego da cabeça e seco do coração, tive medo de que pudesse acontecer contigo desgraça igual. Então roubei os óculos de meu avô, e deixei em nossa antiga estante, bem em cima de Felicidade Clandestida. Mas acho que não me ouviste muito bem.

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