
Com a cabeça meio deitada na janela, ela vê metade cinza, metade neon. Um, dois, cinco, doze... são muitos os prédios naquela avenida. Respira e nota que nada mudou, a janela da frente continua quebrada, algum alarme continua tocando. Mais um copo foi quebrado no bar da esquina e uma cirene de policia ou de bandido passa por ela.
Já perdeu a conta de quantos bêbados cantaram canções de amor enquanto procura em vão uma estrela no céu. Só aviões, indo pra qualquer outro lugar, fugindo dela. A fumaça dos seus cigarros irrita seus olhos, respira e tosse. Enrola o cabelo. Nunca deixará de roer as unhas.
Faz um pouco de frio, o vento vem dizer que ela não arrumou o cabelo da forma como deveria. O vizinho da frente parece nunca se cansar de pornografia, mas o que ela pode fazer? Ela mesma nunca se cansa de sonhar.